O Stadium Rio

A Arena Stadium Rio e seus grandes públicos

1-Inauguração – 2007 - 46 mil pessoas – Botafogo 2x1 Fluminense
2-Botafogo2x2 Avaí - 2010 - 40 mil
3-Botafogo1x0 Palmeiras - 2008 - 31 mil
4-Botafogo2x1River_PI – 2008 - 36 mil (à noite)
5-Botafogo2X1Corinthians - 2008 - 33 mil (à noite)
6-Botafogo1x0River Plate - 2007 - 40 mil (à noite)
7-Botafogo2x1Port.Desportos - 2008 - 43 mil
8-Botafogo4x0Ceará - 2011 - 42 mil.

Públicos de 30 mil

9-Botafogo3X2S. Paulo - 30 mil (2009)
10-Botafogo2X1Palmeiras - 29 mil (2009)

Públicos de mais de 20 mil. (48% da capacidade do estádio. O mesmo que o Maraca com 42 mil pessoas)

11-Botafogo1X1Fluminense (2009)
12-Botafogo1X0Cruzeiro (2008)
13-Botafogo2X2Santos (2007)
14-Botafogo3X1América de Cali (2008)
15-Botafogo2X2Americano (2009)
16-Botafogo1x1Vasco (brasileirão 2010)
17-Botafogo2x1Fluminense (brasileirão 2011)
18-Botafogo1x1Flamengo (brasileirão 2011)

Isto é Botafogo.

Com esta página montada em 2009, já no limiar de 2010 se viu o que se falou acima ser concretizado. Campeonato brasileiro, 3 jogos em casa e a média de público de 17 mil torcedores já foi alcançada no nosso estádio. Foi até a sétima rodada, a terceira melhor média de público do brasileirão. O maior público desta noa fase já está na lista acima e os novos, ali serão acrescentados.

25/06/2010, Movimento Carlito Rocha

O Lance publica hoje (disponível no seu site) uma matéria sobre o público e a renda no Engenhão esse ano. A matéria é significativa e demonstra quanto essa administração é transparente, ao abrir totalmente os balancetes de ingressos do seu estádio. Ou alguém já viu isso, por exemplo, em relação a São Januário? Ou mesmo em relação ao Maracanã? Já vimos o borderô de uma partida isolada, mas o raio x completo em todo um semestre eu nunca vi, em relação ao Maracanã.

Segundo as informações do clube, o saldo é de quase R$ 800 mil, descontados os gastos, nas três competições até agora - não estão contabilizados os saldo dos clássicos no Maracanã.

A média de público por partida também foi anunciada:

Carioca: 6 mil;

Brasileiro: 7 mil;

Copa do Brasil: 29 mil.

Nota-se que, dependendo do valor do ingresso, uma partida para não dar prejuízo tem que ter em média dez mil pagantes. Mas o saldo aí é somente aquele do valor do ingresso, pois não estão contabilizadas as demais receitas (placas, anunciantes diversos, bares etc). Ou seja, com certeza, nenhuma partida até agora no Engenhão deu saldo negativo completo - reforçando: tendo em vista todas as receitas.

Sobre isso falou assim Bebeto ao jornal: "O Engenhão não atrapalha as finanças, pelo contrário. Chegaram até a relacionar isso com os salários atrasados, mas não tem nada a ver. Se não tivéssemos condições de ocupar o estádio com outras atividades, aí sim teríamos problema. Mas não faltam possibilidades".

Os dados demonstram também a força de nossa torcida, que teve uma média de público sensacional de 30 mil pessoas na Copa do Brasil - ao contrário de do que dizem jornalistas maledicentes, que, sem dados, acusavam o estádio de não atrair a torcida. A própria matéria faz uma análise negativa com os dados, afirmando que no brasileiro o time tem tido prejuízo.

É o tal negócio, tudo tem uma segunda visão. Mesmo porque o jornal erra ao dizer logo na manchete que o clube está no vermelho no campeonato brasileiro - o saldo total é pequeno, mas é positivo, de R$ 32 mil. Só no texto da matéria, pra variar, é que eles "explicam" que algumas partidas têm tido saldo negativo.

Mandei o seguinte comentário ao jornal: "a matéria está errada ao dizer que o Botafogo tem prejuízo no brasileirão. O saldo final é de R$ 32 mil. E no ano todo o saldo final é de quase 800 mil. Isso sem contar as demais receitas. Ou seja, o saldo é amplamente favorável ao Botafogo. Parabéns à administração, que, diferentemente dos demais clubes do Rio, mostra os dados do seu estádio - ou alguém já viu algo parecido, por exemplo, com São Januário?"

Mais: a manutenção do estádio é mais barata que o Maracanã e o Botafogo tem tido lucro com ele, mesmo contando o aluguel mensal pago à prefeitura. Ou seja, se estivéssemos jogando no Maracanã, provavelmente estaríamos no vermelho e sem a independência de receitas e de administração que temos em nossa casa.

Não podemos esquecer que o estádio abriu um terceiro local de treinos para a equipe - assim, economizamos também no aluguel de um outro local.

Sem contar que o estádio é uma cunha estratégica em um imenso território da cidade do Rio em que o Botafogo, até então, não tinha uma presença física, uma presença institucional. Isso poderá fazer com que nossa torcida cresça naquele local.

Óbvio que muito tem que ser feito. Mas as coisas não estão esse desastre todo que alguns pintam - ou por sacanagem, como certa imprensa; ou por desespero típico de alvinegros, como um ou outro torcedor reclama aqui na internet.

Mais uma do Jornal Lance

O Jornal Lance!, neste ano de 2010, fez um ranking dos estádios brasileiros levando em conta os seguintes aspectos: cobertura, assentos, placas de publicidade (não podem atrapalhar a visão do público), sanitários, lanchonetes, camarotes, sinalização, comunicação, placar eletrônico, campo, acesso a deficientes, tribuna de imprensa, centro de imprensa, centro de conferência, zona mista, estacionamento, zona de vigilância (segurança), pronto socorro e sistema de transportes

É DE LAVADA.

1 Stadium Rio (Engenhão) (RJ) 38 pts
2 Kyocera Arena (PR) 28 pts
3 Morumbi (SP) 26 pts
4 Maracanã (RJ) 24 pts
5 Mineirão (MG) 22 pts
6 Raulino de Oliveira (RJ) 22 pts
7 Serra Dourada (GO) 19 pts
8 Mangueirão (PA) 18 pts
9 Beira-Rio (RS) 17 pts
10 Couto Pereira (PR) 16 pts
11 Orlando Scarpelli (SC) 16 pts
12 Pacaembu (SP) 16 pts
13 São Januário (RJ) 16 pts
14 Olímpico (RS) 15 pts
15 Parque Antártica (SP) 15 pts
16 Ilha do Retiro (PE) 13 pts
17 Vila Belmiro (SP) 13 pts

Página Logo, o Globo, domingo, 11/04/2010.

Venda de Ingressos no Maraca.

“...filas quilométricas (sempre), poucos pontos de venda, cambistas agindo livremente. Mas os diretores de Fla, Flu e Vasco fazem vista grossa (NO SEU ESTÁDIO, O BOTAFOGO CONSEGUIU MELHORAR ISSO, COM UM SISTEMA MAIS RACIONAL).

E lá vem desculpa: ‘um jogo como esse sempre terá grande procura. Não cabe todo mundo no estádio’, ou ‘o Sistema de vendas ficou fora do ar por um problema da EMPRESA RESPONSÁVEL’.........”

DE MÁRIO FILHO, SOBRE O BOTAFOGO

O clube de capa-e-espada

[A alma do Botafogo]

por Mário Filho

Colaboração: Heleno de Freitas (do blog).

“O único clube rapaz é o Botafogo. Explica-se: foi o único clube que nasceu rapaz. Os outros, pelo menos, procuraram nascer homens. Já o Botafogo teve a preocupação de ser o oposto do Fluminense, que era o homem-feito. O Fluminense foi um clube que não nasceu assim, de um repente. Com o time formado, com tudo o que seria ele, demorou um ano. Surgiu depois de muito estudado, de muito pensado. O Botafogo, pelo contrário, só precisou de uma apresentação ao Fluminense para virar clube. É um detalhe que não deve ser esquecido por quem tentar compreender o Botafogo. Os rapazes que não pensavam em formar clube algum foram levados ao campo do Fluminense para serem do Fluminense. Diante do Fluminense, eles se sentiram, logo e logo, Botafogo.

Não se tratava só dos bigodes dos jogadores do Fluminense. O Fluminense também tinha bigodes. Havia, entre os rapazes do Colégio Abílio e o Fluminense, uma distância de idade. Essa idade não se contava apenas pelos anos do Fluminense, dois, ou dos jogadores do Fluminense, alguns ainda rapazes. Era a concepção da vida, vamos dizer. Os rapazes do Fluminense tratavam logo de se adaptar, de usar bigodes imaginários. Os rapazes do Botafogo queriam também ser homens, mas continuando rapazes. Daí se sentirem quase imberbes diante dos homens-feitos do Fluminense. A reacção deles, forte, e renovada sempre pela rivalidade que foi a primeira do futebol carioca, tornou-os mais rapazes ainda, marcou-os eternamente rapazes.

Pouco importava que um Flávio Ramos, com dezassete anos e o primeiro Presidente do Botafogo, se sentisse rapaz demais para ser presidente do mesmo Botafogo. O homem-feito, procurado e encontrado, que foi ser Presidente do Botafogo, não mudou o que já era imutável. Ser do Botafogo era ser rapaz. A gente vê velhos Botafoguenses, curvados pelos anos, e até estranha um pouco. Serão ainda Botafoguenses? Mexam com o Botafogo e verão. Os velhos endireitam logo a espinha, estufam o peito, reacendem a chama do olhar e estão prontos. E não é difícil mexer com o Botafogo. Não há clube de mais sensibilidade à flor da pele, com mais orgulho de Grande de Espanha que o Botafogo. Eis porque ele está sempre disposto a topar paradas, a se meter em encrencas, a arriscar até a própria vida por uma coisinha.

Nada que o atinja e mesmo que não o atinja, mas que ele julgue que foi para atingi-lo, é coisinha para ele. Ele devia ter nascido em outra época. É a única flor retardatária de capa-e-espada que surgiu depois dos 1900. Trata-se mais de um gascão, de um D'Artagnan, sempre pronto a desembainhar a espada. Ouve muito mais a voz do coração do que a da cabeça. Qual era o clube capaz de largar uma Liga, sem outra Liga para ir, por causa da suspensão de um jogador? Aconteceu isso em 1911, justamente no ano em que o Fluminense preferiu perder um time a deixar de ser o que era, isto é, o Fluminense (NR: O autor se refere à cisão tricolor que resultou no início do futebol no Flamengo). O Botafogo fez o contrário, para continuar mais Botafogo do que nunca.

O que o Fluminense fez, só o Fluminense faria. Mas também só o Botafogo arriscaria tudo por um jogador. Não se tratava da falta que esse jogador poderia fazer ao time, embora ele se chamasse Abelardo De Lamare. E aí temos uma amostra do d'artagnanismo do Botafogo. Um por todos e todos por um. Abelardo De Lamare era um deles, era eles também, era o Botafogo. Eles não se separavam, não se distinguiam, fundindo-se no Botafogo. Assim o bofetão de Abelardo De Lamare em Gabriel de Carvalho (NR: Botafogo 1 x 1 América, em 25/06/1911, no antigo campo de Voluntários da Pátria) não foi o bofetão de um jogador noutro jogador. Foi o bofetão de um clube. Todos assumiram a mesma responsabilidade e se recusaram a aceitar a punição de um só. O Campeão de 1910 abandonou o campeonato e ficou um ano jogando na pedreira.

E aquele gesto, que seria de indisciplina, serviu para mostrar um dos mais belos traços do Botafogo. Saindo da Liga o Botafogo podia perder todos os jogadores. Era o time Campeão de 1910, justamente o que tinha realizado uma revolução no futebol carioca. Até 1910, os jogadores usavam bigodes. Mesmo os jogadores sem bigodes eram como se os tivessem. O Botafogo foi campeão com um time rapaz, com um time que tinha vindo do Botafogo mirim, o Carioca, viveiro do "Glorioso". E aí os outros clubes trataram de fazer o mesmo. O futebol que, para se dar ao respeito, tinha de nascer homem-feito, já podia dar-se ao luxo de ser jovem, de ser rapaz. E esta foi uma obra do Botafogo.

Qual era o clube que não quereria os jogadores do Botafogo? O Botafogo, porém, não perdeu um jogador. Todos ficaram juntos jogando na pedreira, que era um campo do Morro da Viúva. Era o que se chamava de um campeonato de Liga barbante. Os jornais não tomavam conhecimento dele. Assim, os jogos se realizavam, por assim dizer, anonimamente. E lá estavam os craques Campeões de 1910, o Glorioso em carne e osso, jogando com os clubes da pedreira como se esses fossem Fluminenses. Com o mesmo entusiasmo, com a dedicação, com o mesmo Botafoguismo, palavra que significa o mesmo que quixotismo. Eram uns Dom-Quixotes os jogadores do Botafogo.

Ou eram simplesmente rapazes. Continuavam a ser rapazes, levados pelos impulsos generosos da mocidade. Cometiam erros: no erro e no acerto tinham o mesmo élan. Podiam reconhecer o erro, mas não voltavam atrás. Era o tal orgulho de Grande de Espanha, idêntico na riqueza e na pobreza. Como saíra sozinho de uma Liga, mais tarde seria o único a ficar com uma Liga em nome de um amadorismo que não existia. Por isso muita gente não entendeu o Botafogo. É que se queria julgar o Botafogo pelos padrões normais. Como se ele fosse um clube igual aos outros. Então o Botafogo não via que estava arriscando a própria vida?

O que decidiria qualquer outro clube a mudar de rumo tornou ainda mais irredutível o Botafogo. Para ele, era uma questão de honra e ninguém o podia demover. Ficou com trezentos sócios, e cada sócio que saía unia mais o Botafogo. É que ficavam e ficariam os verdadeiros Botafogo, os Botafogos para a vida e para a morte. Aí mesmo é que não acabavam com o Botafogo, com aquela legião de rapazes de todas as idades, alguns que tinham visto nascer o Clube, mas rapazes ainda e mais rapazes do que nunca, porque nem o rolar dos anos havia tirado deles o ardor da mocidade.

Bastaria, porém, conhecer as origens do Botafogo para compreendê-lo, admirá-lo, mesmo discordando dele. Realmente chega a comover um encontro assim com D'Artagnan no século XX. Não é possível, dirão uns, e eis o Botafogo. Ainda é um personagem de romance de capa-e-espada, com noções de honra dos velhos tempos, ofendendo-se por um nada. E se a gente quiser ir mais longe, deixar os Juízes da França e os Grandes de Espanha, pode chegar até as Cruzadas para descobrir Botafoguenses.

Noutros tempos, ele foi popular. Mas a popularidade, então, era o nome que se dava a um clube com centenas de sócios e alguns milhares de torcedores. O grande campo era o do Fluminense e lá cabiam, estourando, 5 mil pessoas. O Botafogo tem mais gente do que a gente pensa. Mas ser Botafogo é escolher um destino e dedicar-se a ele. Não se pode ser Botafogo como se é outro clube. É preciso ser de corpo e alma. E é preciso, antes de ser Botafogo, ser rapaz, mesmo velho. Ser um Dom Quixote, um D'Artagnan, um Grande de Espanha, embora sem sangue nobre e sem riqueza, um Grande de Espanha mesmo decaído e por isso mais Grande de Espanha.”

BOTAFOGO ETERNO - HISTÓRIA

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